Mas dá pra ler em menos tempo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O exame de Motorista ( Parte III)–A Aluna

Depois que a gente escreve dois textos enormes sobre essas situações bizarras (um pouco absurdas também!) e ainda tem muita história pra contar, começamos a pensar se realmente a vida não é um filme. Pra vocês que lêem pode até ser. Uma boa comédia. Mas não deixem que o " baseado em fatos reais" estrague a diversão. Vamos a continuação da saga. 

Terminada toda a burocracia (ou prova do líder) da auto escola, em parceria com o Detran malandrão, o exame de malucos, e as digitais proibidas, escolhi as datas do cfc e esperei o dia da minha primeira aula.

Cheguei naquele lugar mal assombrado as 13h com aquela dúvida do que esperar. Certamente não poderia prever o que viria. Entrei naquela salinha que mais parecia uma sala de recuperação para ex detentos e já quis logo ir embora. Sério, aquele lugar era deprimente. Desejei, de raspão, ter sido taxado como louco no psicontécnico pra não ter aquela sala na minha memória. Era composta por apenas quatro fileiras de cadeiras com apoiador, e sei lá quantas cadeiras por fileira. Aquela luz branca e totalmente entediante só iluminava decentemente as pessoas sentadas na frente. Era uma sensação de estar sufocado, num  lugar que mais me lembrava um corredor, com pessoas desconhecidas.

De maneira geral, os alunos eram normais, pessoas normais, que gostariam de não ter que estar ali. Com exceção de uma menina.

Chamar aquela pessoa de menina é um tanto estranho, na verdade. De cara percebi que era problema. A garota mais parecia um vicking. Lembrava aquelas mulheres enormes que cantam nas operas com tranças, roupas coloridas e que pisam em uvas se me permitem misturar culturas. O pior não era isso, obviamente. Ela não vestia colorido. Estava sempre com uma jaqueta de couro, dessas com pequenos espinhos na ombreira. Espinhos nas ombreiras! Era o retrato do bulliyng. Vestia um coturno preto e dava para ler na sua cara " Pronta para a guerra das ruas". A questão é que, a gladiadora, como gostava de ser chamada, misturava as duas piores coisas em um colega de classe. Pausa.

Pra quem achou realmente que ela gostava de ser chamada de gladiadora, eu estava brincando. Mas que seria muito engraçado, seria. Fim da pausa.

Ela tinha o fisco dos opressores, falava meio grosso e muito palavrão, mas sentava na frente e participava da aula com comentários cretinos e bajuladores. Era a nerd punk. Queria a atenção do professor enquanto estava fantasiada de marilyn manson come cadáveres. Era um paradoxo. Ela, na teoria, devia se eliminar. Um dia tirou a jaqueta de bad girl e revelou uma camiseta que dizia "o triunfo do anticristo". Eu como bom cristão, adorei.

Por causa dela enfrentei muitas dificuldades. Pensava em zuar as perguntas nerds e os comentários obvios mas tinha medo de que o orc percebesse e me engolisse vivo. A malucona abria a boca para falar besteira e se achar. Uma vez, falou que guardava sempre uma faca no coturno e que um dia esfaqueou um assaltante. Sinceramente a minha dúvida foi " o que se passa na cabeça desse assaltante? Era obvio o seu fracasso". De qualquer maneira eu não pegava no pé dela, fiz amizade com algumas outras pessoas que faziam isso o suficiente. Tentava é calar a boca deles antes que todos nós fôssemos esfaqueados juntamente com o amigo bandido.

Enfim, logo que entrei na minha primeira aula, lá estava ela, na primeira carteira, pronta para tocar o terror. Acreditem, se vocês não suportam o bad boy da sala, torçam para não conhecer a nerd bad boy. Bem vindos ao meu CFC, esperem até eu começar a falar do professor.  

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