Mas dá pra ler em menos tempo.

sábado, 6 de agosto de 2011

O Exame de motorista (Parte VI)–As aulas práticas

 

Pensar que essa série foi maior do que eu esperava. Já não aguento mais lembrar dessas desgraças. Mas falta pouco. Ah sim! Vale dizer uma coisa: pra quem não entendeu de cara, eu já tirei a minha carta. Já passei em tudo e já posso dirigir pelas ruas tranquilas de São Paulo. Esses textos são baseados nos fatos que já ocorreram. Eu só demoro para escrever porque sou um preguiçoso miserável.

Depois de passar na prova teórica, uma verdadeira façanha, marquei minhas aulas práticas, para aprender a dirigir. Lembro do primeiro dia de aula. Estava até meio nervoso. Meu instrutor era extremamente bem humorado. Tipo um buldog velho. Quando sentei no banco do motorista, ele olhou pra mim, acendeu um cigarro, se encostou pra dormir e disse “Pode ir”. Eu segurei o volante. Olhei pra frente. Olhei pros pedais. Olhei pra frente de novo. O carro parado. Olhei pra ele e falei “ Não sei dirigir”. O infeliz perdeu o dia. Me encarou incrédulo, e teve que, pela primeira vez na vida, fazer o seu trabalho.

Não foi muito dificil de pegar o jeito da coisa, ainda mais com o Seu Madruga resmungando do meu lado. Toda vez que eu fazia uma pergunta para o miserável parecia que ele ia parir um lindo nenem. O cara era um imprestável. Nas vinte aulas que tive com ele, não me deixou, nem uma vez, passar dos 20km por hora e sair daquele maldito quarteirão. Não sei se você já teve que andar a 20km por hora numa rua deserta. Mas a sensação é desesperadora. É como a internet discada. Quando a gente colocava para ir pro site do hotmail, e ia abrindo lentamente, de cima para baixo. Ou quando você está morrendo de vontade de ir ao banheiro e ainda está no elevador. Terrível. Isso sem contar que ele dava umas freiadas bruscas do nada com aqueles pedais extras malignos.

Enfim, já nas primeiras aulas o cara desencanava de mim e ia tomar conta da vida dele. Ligava um pagode sem vergonha, colocava os óculos escuros e dormia. Quando acordava, dava alguma bronca inútil e acendia um cigarro de vidros fechados. Um completo imbecil. Tinha um pouco de pena do sujeito. Estava sempre de cara fechada, parecia uma daquelas carrancas feitas pra espantar espiritos. É dificil de acreditar que aquele cara já sorriu alguma vez na vida.

No final, tinha feito 19 aulas. Dez em dezembro, quatro em janeiro e cinco em fevereiro. Deixei aquela última para um dia antes da prova. Não que isso tenha me ajudado muito.  

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