Mas dá pra ler em menos tempo.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Individualismo


Cara, vou dizer o que tem me incomodado mais ultimamente. Não no sentido de que eu acho uma droga, apesar de eu achar também. Mas no sentido de estar cada vez mais evidente. É essa parada de individualismo. Não falo do egoísmo das pessoas nem nada, apesar de no fundo ser isso o causador de tudo. Mas sim, à esse pacto silencioso, maluco, entre todos os cidadãos de cada um ficar na sua, sempre.
Sou um cara bastante comunicativo, falo até se cansarem de mim. No entanto, é só eu entrar em um onibus, que sinto estar chateando todo mundo se faço algum barulho. Tenho que fazer um esforço danado para pedir licensa quando estou passando, ou para perguntar informações pro cobrador. Pedir informações pra alguém, que não o cobrador, está absolutamente fora de cogitação. Puxar um assunto com o individuo ao lado, fora de cogitação. E o pior, na hora do rush, ter que passar de um lado a outro do corredor esbarrando em todas as pessoas com sua mochila jumbo dois mil.
Eu realmente admiro aqueles malditos, que ligam o celular pra todo mundo ouvir, num pancadão frenético. Puxa, os cara são lendas vivas. Eu me sinto mal por espirrar e o cara tem as manhas de ligar uma música alta, com valores morais totalmente rejeitados pela sociedade e se achar o máximo. Exemplos pessoal. São exemplos!
Aí tem aquele lance de sempre sentar o mais longe possivel das outras pessoas. Se o lugar (onibus, sala de espera, cinema, etc) está vazio, você tem que, no mínimo intercalar. Se escolher sentar justo do lado de alguém, existem duas opções, ou você é gay ou pervertido. Se fizer isso e ainda por cima perguntar as horas, o cidadão vai ficar te olhando uns 20 segundos antes de responder a parada. Por outro lado, existem uns canalhas que levam essa individualidade ao limite. Ele pode já estar sentado ao seu lado, afinal, não havia outro lugar, mas se surgir a oportunidade de ir embora, o cara vaza! O miserável faz questão de se movimentar apenas pra ficar longe de outro ser humano. Eu me esbaldo com isso.
É possivel, que se eu apontar o dedo pra um lado qualquer e gritar “ É o Kaká!” nem uma alma viva vai virar o pescoço. Vão pensar “ Se eu virar todos saberão que eu ouvi o que ele disse!”
No fundo achava que se fossem cutucados o suficiente, responderiam amavelmente. Mas me enganei. Outro dia tinha acabado de pegar o onibus e estava rolando o jogo do Brasil. Atrás de mim, um homem escutava no rádio. Do nada, logo após o segundo gol do Brasil, outro gol foi narrado. Eu, muito surpreso, não me contive. Virei para trás e perguntei “ Foi gol???”. Sem brincadeira. O cara me olhou como se eu tivesse acabado urinar na perna dele. Perguntei, no total, umas tres vezes, obviamente, não ia sofrer a humilhação de não ser respondido. Quando ele respondeu “reprise”, senti como se ele tivesse acabado de parir o bebe mais gordo da história. Um verdadeiro favor.

2 comentários:

  1. Ok, o texto me tocou. Deixarei de lado meu antissocialismo, e, quebrarei meu pacto de leitora silenciosa; (obviamente é brincadeira, não existe pacto nenhum...) mas enfim, gostei muito dos textos e do blog em geral. Parabéns =)

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  2. Costumo conversar com algumas pessoas nos ônibus, e sinceramente não me lembro de ser ignorada.
    Percebo que as pessoas andam carentes e que a qualquer oportunidade querem desabafar, o que pode ser muito bom pra impactar a vida das pessoas com uma conversa casual.
    Acho que ser cara de pau nesse sentido pode ser muito útil, tente um dia desses.

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