Entramos no bar, bizarro, do posto. Lembrava um pouco o pior bar que você já viu. Como se a Dona Florinda tivesse um bar ao invés daquele restaurante sofrido. De cara já percebi que não tinha sido uma boa idéia entrar ali. Mas estava de consciência limpa, já que a pior idéia mesmo tinha sido a do Paulinho, de comer lá.
Resolvi não arriscar. Pão de queijo. Vi alguns na estufa, ao lado de salgados não identificados. Tentei um contato com a garçonete. Perguntei o preço do troço. Ela fez o inesperado: levantou os ombros dizendo que não sabia. Dizendo que não sabia quanto custava o pão de queijo. Resolveu ser proativa, após algum tempo, e perguntou para um cara que provavelmente era o responsável pelo boteco. Não lembro quanto era. Em seguida Paulinho perguntou o preço de outro salgado. Ela surpreendeu novamente. Falou: "sei lá!". SEI LÁ! A pior garçonete do Brasil. Não pude evitar rir na cara dela. As vezes sou um pouco deselegante. Ela novamente foi perguntar para o sujeito. Também não lembro quanto custava. Resolvi não fazer outras perguntas difíceis como essas, afinal não queria deixar a mulher em maus lençóis. E outra, tanto quanto notava, ela podia me enfiar uma faca no bucho ali mesmo e me deixar sangrando uns quinze dias até algum cliente começar a reparar o corpo.
Pedi o pão de queijo. Aí ela surpreendeu de novo. A mulher estava impossível. Ela pegou um guardanapo, veio em direção à estufa e virou! Mudou de direção e foi aí que eu vi. Ela pegou um pão de queijo em uma bandeja de pães de queijo ao ar livre!!! Às moscas! Foi tenso. Nessa altura do campeonato, se me permitem usar um bom jargão de pai, não estava em condições de reclamar de mais nada, muito menos de recusar a bomba. Me entregou aquele pedaço de pedra, e na primeira mordida perdi toda a vontade de viver. Quando joguei o restante no lixo senti que aquele pão de queijo estava cumprindo seu propósito. Foi de certa maneira, um alívio. Mas, naquele momento, quando tudo parecia fora do normal e hostil, veio o mais impressionante. Prepare-se.
O Lucca pediu ENROLADINHO DE SALSICHA!!!!!!!!! CARAAAAACA!!!! O cara não tem noção!
Não satisfeito, ele pegou o pão de queijo que o Paulinho também se recusou a comer e ficou dando uma mordida em cada. Era uma cena infernal. Ele, com cara de sono, dando uma mordida no enroladinho e uma no pão de queijo. Uma no enroladinho uma no pão de queijo.
Ficamos ali, sentados em uma das mesinhas mal limpas assistindo aquilo. O boca nervosa devorando os salgados como se não houvesse amanhã. Próximo ao fim do espetáculo, quando o enroladinho respirava seu ultimo fôlego de vida, arriscamos a pergunta: "está bom isso daí?" e a resposta "não".
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