Mas dá pra ler em menos tempo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Depois do futebol (parte final)

Depois de encontrarem nada mais do que profundo arrependimento, os policiais pararam de nos revistar. Pediram para a gente ir para a calçada e começaram a fazer perguntas muito honestas:
"Há drogas no veículo?".
Essa é a típica pergunta de mãe.
Não no sentido de eu ser um usuário e sofrer contínuas revistas de minha própria mãe, mas por ser aquela pergunta que serve apenas para te testar e ameaçar. Do tipo: Pronto! Agora, se você estiver me enganando, vai se ferrar ainda mais. Vamos falar francamente, até parece que o policial ao achar as drogas negadas vai falar "Mas você disse que não tinha!".

Respondi que não havia. E é engraçado o que acontece nesses momentos. Você fica meio tenso, como se existisse a possibilidade das paradas surgirem do nada no porta luvas. É como quando seu chefe fala que você não enviou o email que você tem certeza que enviou mas a pergunta põe sua mente no buraco.
O polícia não acreditou em mim. Teve que ir verificar. A honestidade não é muito levada a sério nos dias de hoje.
Aí entramos em outro ponto importante do drama. O Gabriel, como dito anteriormente, na primeira parte deste texto, se você não leu, não está entendendo nada o que está acontecendo, vá ler, vá ler antes de ler este, essa frase ficou bem grande. O Gabriel sua um bocado. Um bocado a mais do que o Jô Soares. Brincadeira. Não é tanto assim. Mas é muito. E, por educação, ele faz questão de colocar sacos de lixo preto para forrar o banco antes de sentar.
Visualize isso. O oficial pede licença para vasculhar o veículo. Outra de suas perguntas curiosas. Eu não dou. Ele atira na minha cabeça. O Gabriel dá. Ele abre a porta do carro. E vê os bancos forrados com sacos de lixo.
Numa boa, eu não ia nem  fazer questão de continuar procurando. Ia algemar os dois cretinos e jogá-los em alguma cela suja. Tente falar "cela suja" rápido, várias vezes. Valendo.
Aparentemente, isso não significou nada para o policial. Conseguiu falar cela suja umas 15 vezes sem engasgar. Quer dizer, continuou investigando o interior do carro. Eu que já estava apreensivo com a revista, fiquei em pânico ao olhar os sacos de lixo. O cara nem se deu o trabalho de tirar o troço para ver se havia ilegalidades no estofado. Penso que deve ter sido o mesmo oficial que revistou o Gabriel anteriormente e percebeu, de cara, a necessidade dos plásticos.
Abriu o porta luvas. Pausa. É obvio que eu não esconderia nada ilegal no porta luvas pessoal. Vamo acorda! Na iminência de uma blitz, ia colocar as paradas, no mínimo, embaixo do tapete. Teria passado ileso se fosse esse o caso. De qualquer forma, expresso aqui minha sincera rejeição contra drogas de todos os tipos para não parecer que estou dando dicas aos badernistas.
Cara, pare de querer me corrigir. Eu sei que essa palavra não existe. Abraço.
O cara abriu o porta luvas e achou sabe o que? Uma carteira. Uma carteira que não era nem minha, nem do cunhado. A carteira anti furto.
Meu pai colocou uma carteira falsa no porta luvas em caso de assalto. A ideia é, no meio do assalto, entregar a carteira falsa ao invés da verdadeira. Óbvio. Porém, que maldito ladrão vai ser burro ao ponto de te observar pegando a carteira de lá, que contém míseros dois reais e acreditar que não é uma pegadinha?
O polícia perguntou para mim:
"É sua essa carteira?"
"Não" respondi.
"É sua?"perguntou pro Gabriel.
"Não" respondeu.
"É sua sr policial?" perguntei.

....

Na delegacia, liguei para o meu pai. Gabriel estava bem bravo comigo. E isso tudo é uma grande mentira é claro.
Me antecipei às dúvidas do guardião da lei e expliquei a razão da carteira anti furto. Ele também não criou problemas com isso.
Pediu nossos documentos, informou os dados para uma auxiliar próxima e, acredite ou não, finalizou com a seguinte chave de ouro:

"Vocês estão liberados para ir tomar um banho"

 

4 comentários:

  1. hahaha.. mesmo sendo a situação tensa, eu ri com o seu relato! Agora fica a pergunta: onde vcs jogam bola não tem vestiário pra tomar uma ducha não?
    Claro que o fato de não terem tomado banho ajudou na abordagem, mas fica a solução para não terem mais que usar sacos de lixo no banco!!! rs

    bjsss

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  2. HASUHSAUHSUASHUASHUSAHUSAHUASHASUHUA. basta

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  3. Na próxima... nem para.

    Pega o carro e continua, assim via ter mais emoção, perseguição...tiroteio!

    Muito bom!

    =]

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  4. Fala Felipe!

    Cheguei ao teu blog pela página de divulgação da IBM, e gostei pra caramba da maneira como escreve!

    Parabéns, ganhou mais um leitor.

    Gabriel.
    http://gabriel-santos.com

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