Mas dá pra ler em menos tempo.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Kumon

Algumas coisas na vida são inexplicáveis. É o caso de quando você percebe, ao chegar no trabalho, que a mancha de pasta de dente que você tinha lavado da roupa ressurgiu furiosa. É o caso, também, de quando todos viram a cadeira para um cantor no The Voice Brasil e ele escolhe ficar com o Daniel. Mas percebi que o universo colaborativo da internet pode trazer respostas esclarecedoras, dependendo do nível intelectual e bagagem cultural, útil ou não, que seus leitores possuem e desejam compartilhar. Por isso coloco essa reflexão aqui em busca de palavras sábias.

Eu não sei se você já ouviu falar de Kumon. Conheci esse troço com meu amigo Wata, que aos 8 anos de idade tinha aulas de japonês. Achava a parada toda, bacana, apesar da minha vontade louca de fugir desse tipo de atividade extracurricular. É engraçado como a gente costumava fugir de atividades extracurriculares na época do colégio. Quer dizer, hoje em dia a gente não foge porque nem tem tempo de ter atividades assim. Mas, o que eu quero dizer é que, no período em que mais tínhamos tempo, eu pelo menos, sentia uma profunda depressão quando, ao voltar do colégio, pronto para mergulhar no universo paralelo de videogames, seriados e novelas mexicanas, lembrava que tinha aula de piano ou algo do gênero. Lembrar disso podia me tirar a alegria na hora. O mais brutal era quando, em vez de aulas de piano, de futebol ou atividades assim, o lance era ir fazer exames ou ir ao dentista. Eu podia pedir a morte nesses casos. Um tremendo ridículo, claro. Não nego. Mas emoções muito reais. 

Hoje em dia escuto pessoas dizendo que seus filhos passam o dia todo no colégio, voltando pra casa apenas à noite. Isso me dá vontade de vomitar. As crianças, enquanto crianças, precisam ter liberdade para fazerem o que quiserem, dentro dos limites do bom senso e bons costumes, já que, depois que crescerem, esse tempo livre vai ser cortado para 1/8. De qualquer forma, isso para dizer que eu nunca me interessei pelo tal do Kumon japonês. Alias, vale dizer que o nome tem tudo a ver com uma escola de japonês, isso foi fácil de processar.

Porém, anos depois, alguém me disse que estava fazendo Kumon. Perguntei o porquê do interesse pelo japonês e a pessoa me olhou estranho. No final ela estava fazendo aulas de apoio para matemática. Certo. Entendi que era uma instituição de cursos de apoio e de Japonês. Não importa, desejo todo sucesso ao Kumon e seus seguidores. O que é realmente inexplicável em tudo isso, é a porcaria do logo deles. Dá uma olhada.


Kumon

O que significa esse emoticom? Ele não está nem um pouco feliz. Pelo contrário, essa imitação barata do poker face está, claramente, em profundo sofrimento velado. Essa carinha representa exatamente como eu me sentia quanto às atividades extracurriculares. Como é possível que uma mãe, a progenitora, olhando a infelicidade desse logo, decida matricular seu filho? Me remete às palavras: tristeza, incompreensão, irrelevância. Considere bem. Em última instância vê-se que o boneco está se perguntando o que diabos está fazendo naquele lugar. Terrível.

Para complementar, o slogan impactante: Math. Reading. Success. (Matemática. Leitura. Sucesso) E essa parte me alegra, pois mostra que eles eram verdadeiros visionários. Os visionários das hashtags. “#PartiuKumon, #Math, #Reading, #Success, #Instagood, #Instajapa, #Kumonzêra #SigoDeVolta. Ou você achou que era, simplesmente, um slogan totalmente aleatório? Me poupe leitor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário