Tudo começou com a ideia de deitar pra dormir. É obvio. Com um titulo assim achou que ia começar como? Provavelmente você também já passou por isso. Você deita e aí apaga as luzes do quarto. De repente vai acontecendo a coisa mais mágica, útil em momentos de perigo, mas que te faz perceber que não está conseguindo dormir. Simplesmente, o quarto que estava totalmente escuro, já não está tão escuro. Seus olhos de lince se acostumaram. Tipo, aposto que ninguém pára pra pensar no mistério disso. Isso é tão comum que ninguém nem acha que isso é um mistério. Tem que parar pra pensar mesmo. Pensar de verdade. Você apaga a luz e o quarto está escuro. Algum tempo depois, a iluminação continua a mesma, mas seus olhos já conseguem enxegar as paradas. Claro que você, provavelmente, vai na onda dos seus professores de biologia e atribuirá isso aos nossos queridos antepassados de milhões de anos atrás. Com toda certeza acreditar que rolou alguma mutação (milagrosa) nos olhos de algum louco lá atrás é muito mais fácil do que acreditar em Deus. Divirta-se enganando-se, enquanto eu continuo meu texto.
De qualquer maneira, você percebe que o tempo passou, e você está com calor debaixo do cobertor. Tipo a gente vira de um lado pro outro, tira o lençol, põe o lençol, deixa uma perna pra dentro do lençol e outra fora, coloca o travesseiro de todos os jeitos. Note: quando você colocar a cabeça debaixo do travesseiro, sem que esteja rolando algum barulho alto, é claro, está com problemas. Mas a insonia é uma parada mais sinistra ainda do que uma falta de sono. Não é a falta de sono, acho. Digo isso porque estou morrendo de sono. E estou na minha cama a mais de uma hora rodando feito o peão do baú. Simplesmente não consigo apagar. É isso. Não sei dar o logoff na máquina. Isso é uma metafora, é claro, nem ouse pensar “ coitado o cara é tão viciado que mesmo com sono fica com o computador ligado”. Não consigo ficar inconsciente. Repare como isso é uma parada misteriosa também. Quem diabos decide a hora de ficar inconsciente. Seu cérebro. Seu cérebro é mais inteligente que você. Dorme com esse barulho então. Você tem uma parte do corpo que é mais inteligente que você. Alias, dependendo de quem está lendo esse texto, é possivel que qualquer parte do seu corpo seja mais inteligente.
Enfim, o problema é que quando se tem um tempo livre pra pensar nas coisas da vida, assim como esse tempo de tentando dormir, aparecem muitas coisas realmente pra se pensar. Muitos assuntos dos quais você não tem controle nenhum e nem influencia nenhuma nessa hora. Mas pensar nisso te tira ainda mais o sono. Te mantém lúcido por nada. Você pensa em o que poderá fazer para solucionar essa situação. Não há solução. As vezes nem problema há. Mas ficamos pensando, assim mesmo. As vezes remontamos o passado pra dar novas respostas às perguntas feitas, pra refazer escolhas. As vezes imaginamos o futuro e desenhamos alegrias ou sofrimentos. Pensamos em tudo, em todos.Não. Não em todos. Nem em tudo. Mas em muito e muitos. Tentamos resolver a vida deitados na cama. Enquanto não conseguimos resolver nem o problema iminente. Dormir.
O que é pior é que sabemos que o nosso amigo despertador está a postos para tocar aquela que costumava ser a sua música favorita e que agora é sua maldição matinal. O tempo passa, mas o tempo de acordar não passa junto. Ele é certeza. Ele é certo. Ele é firme. Ele não é flexivel como o seu cérebro. Desista, soneca não é flexibilidade.
É uma situação bem perturbadora. Mesmo sendo num periodo tão comum que ninguém nota que você pode estar nessa enrascada. Enfim, dormir. Dormir é tudo o que eu quero agora. Desejem me sorte.
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