Cheguei na auto escola já gelado. Não sei ao certo que horas eram, mas com certeza antes das 8, quando o dia é sempre frio e o sol ainda não está nem aí pra você. Cheguei tipo uns 40 minutos antes dos próprios professores miseráveis. Com muita sorte nunca mais veria a cara deles na vida. Fomos de carro para o local. Quem já fez a prova sabe. Aquele lugar é péssimo para tranquilizar as pessoas. São uns 200 jovens da sua idade e alguns tios que não sei por qual motivo estão lá também, todos observando você fazendo a prova.
Quando olhei o trajeto, meu coração já bem louco, percebi qual seria minha maior dificuldade. Estacionar na subida. Sei que parece idiota e idiota é você, mas tinha facilidade na baliza, e em todo o resto. Só que estacionar a um palmo da guia na subida para mim era o mais tenso. Lembro de ter pedido a Deus umas mil vezes para acertar esse estacionamento. E Ele foi brother. Ainda não tinha chegado a minha vez, mas a minha cabeça já estava a ponto de perder a noção da realidade. Estava controlando ao máximo o nervosismo e mesmo assim era notável. É claro que vocês podem estar visualizando um malucão suando frio e chupando meia, e esse não sou eu. Quem estava em volta não reparava, mas eu sabia o que estava rolando.
Entrei no carro. Conversei um pouco com aquele maniaco da caneta que fica do seu lado o tempo todo te tocando o terror. Aqueles caras tem o dom. Eles sabem te rejeitar e apontar seu erro como ninguém. Aposto o que você quiser, que qualquer um, luta com um complexo de inferioridade depois de passar por uma avaliação desses malditos.
Seja como for, dei a partida no carro e comecei a andar. Minha respiração meio distorcida. Meio deficiente. Acelerando o carro devagar fui em direção ao estacionamento da morte.Aquele da subida. Rodei o volante e lentamente coloquei o carro ao lado da guia. O coração batendo rápido de um jeito que eu imagino as hemoglobinas sendo atiradas de um lado pro outro gritando "MAS QUE PORCARIA É ESSA AGORA?!?!". No lado de fora tudo parecia perfeito. Nem acreditava. Lembra que eu falei que Deus foi brother? Então. O fera abriu a porta e estava certinho. Ideal. Ele fechou e disse " Ok, pode seguir". Nisso, relaxei, soltei a embreagem e o carro morreu. O carro morreu meus queridos. Em plena sexta feira, 9h00 da manhã o carro me soltou esse poder. Nessa hora o avaliador fez o que ele mais sabia. Balançou a cabeça em desaprovação letal e começou a rabiscar loucamente no papel.
Não preciso nem dizer qual foi o nível do meu desespero nesse momento. Mas vou dizer. A minha perna começou a balançar, tremer, pular. Parecia um boi de rodeio. As mãos geladas e tremendo também, aquele sorriso sem graça. O coração ainda mais acelerado. As hemoglobinas chorando e clamando " PRA QUE ISSO, JOVEM?". Daí por diante o fiasco foi total. Liguei o carro e tentei sair novamente. O corpo todo tremendo e descontrolado. O desanimo. Morri de novo. Já tinha reprovado. Na minha cabeça passava a frase " Você nunca vai conseguir passar nesse teste". Morri de novo. O avaliador balançava tanto a cabeça que eu já tava até sentindo um ventinho na cara. E para finalizar morri mais uma vez. Uma verdadeira chacina moral. Vergonhoso. Mesmo que só pra mim e para aquele figura que eu nunca mais ia ver na vida. Saí do carro meio incrédulo. Eu não tinha reprovado apenas. Eu tinha assinado um atestado de idiota e entregado pra mim mesmo.
tensooo!
ResponderExcluirBem isso mesmo..eu também reprovei quando fui tirar a carteira, mas reprovei na baliza. x( a vontade de chorar era enorme.
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