Nevava, no dia 16 de março de 2010. Eu tinha saído do apartamento pq estava de saco cheio de assistir TV. Acho que era a terceira vez que reprisava Jumanji na TNT, num único mês, e, francamente, não pude aguentar nem mais um minuto.
Fazia um frio dos diabos, mas naquela época eu usava uma barba grossa à beça e estava sempre com minha toquinha da Bolívia. Aquela que você jogou fora, sem a minha autorização. Haha.
Não sei muito bem o porquê, mas acabei indo para o zoológico central e fiquei meio chateado já que os bichos estavam todos enfurnados nas tocas e dormindo, os canalhas.
Estava descendo o corredor dos hipopótamos, segurando o impulso de tacar amendoins nos animais para ver alguma ação, quando vi você encostada no muro, na ponta dos pés, tentando enxergar a cabeça do maldito do hipopótamo que estava escondido. Em uma primeira olhada, achei que era um anjo mulher levantando voo. Mas aí percebi que você não chegava a sair do chão e então não pude conter um sorriso.
Primeiro fiquei olhando de longe. Vi os seus cabelos castanhos, lisos, e me lembrei daquelas cascatas de chocolate que a gente vê nas propagandas da kopenhagen. Isso me lembrou o rio de chocolate do filme do Willy Wonka, e, inevitavelmente me lembrou daquele gordinho que cai no rio e fica entalado no cano. Lembra disso? Enfim, logo me livrei dessa digressão e vi aqueles brincos todos na orelha esquerda. Um tipo de princesa da pérsia moderna.
Depois baixei os olhos e vi suas mãos, lindas mãos, que se seguravam numa especie de corrimão para que você não despencasse na toca do hipopótamo, para a morte certa.
De repente joguei um rápido pensamento para Deus: "Senhor, estou amando." e Ele me respondeu: "isso não é amor, meu filho. Mas pode virar." e eu respondi "é só força de expressão" e Ele respondeu "Eu sei, mas um dia você vai postar esse dialogo na sua timeline do Facebook e eu quero passar minha mensagem." e eu ri.
Aí, quando achei que poderia passar o dia todo olhando para você, aquela figura encantada, aquela mulher apaixonante, você se virou como um relâmpago e viu que eu estava te observando.
Não pude conter uma risada assustada, e você acabou sorrindo de volta. Minhas tripas se encheram de um líquido quente e quase apaguei ali mesmo. Me aproximei, olhando nos seus olhos, esses lindos e sinceros olhos castanhos. Eles estavam alegres, dançavam num compasso de valsa. E tive que ser forte para sustentar aquele olhar. Tinha que mostrar a minha força se queria fazer o que estava pretendendo fazer.
Quando estávamos bem perto um do outro, percebi que estava tocando a música francesa J'y suis jamais allé, do filme da Amelie Poulain nos alto falantes do zoológico e isso me deu coragem. Respirei fundo e disse "Perdoe-me madame, mas sua beleza me enfraquece os joelhos." e você sorriu. Peguei sua mão, me ajoelhei e disse "Case-se comigo, eu te imploro"
E você, ainda sorrindo, disse:
"Vai sonhando, caubói"
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