Quando eu penso no meu pai eu também penso em futebol. E eu sei que isso pode soar superficial, já que quase todo mundo tem um pai fanático, que fala muito sobre o time do coração e vai nos estádios o tempo todo. Mas não é isso o que eu quero dizer.
Quando eu tinha uns dois anos de idade e nem sabia distinguir sonho de realidade, ele começou a jogar bola comigo, pra valer. Gastava um tempão tentando me ensinar a dominar a bola, dar passes e tudo. Lembro que eu queria só chutar no gol, mas ele não permitia isso. Todas as vezes fazia um treino completo. Ele queria que eu fosse canhoto e, pela insistência, hoje eu sou destro só de mão.
Aos 6 anos ele me colocou em uma escolinha de futebol e todas as segundas feiras estava lá para me assistir jogar. É engraçado isso, porque, apesar de ser uma turma de umas vinte crianças, só um pai aparecia para assistir os treinos. É verdade que ele tinha horários flexíveis, haha, mas não era só isso.
Todas as segundas, durante 6 longos anos, lá estava ele, de terno e gravata, presente.
Ele gostava de aplaudir minhas boas jogadas e me cornetar quando eu não tocava a bola para os companheiros de time. Haha. Eu sentia uma vergonha danada daquilo, apesar de no fundo valorizar o apoio, e, aos poucos, os gestos foram ficando mais discretos e aceitáveis. Em todos os gols ele esteve lá e nas derrotas também. Sempre com elogios para levantar meu ânimo abalado e conselhos pós jogo, talvez muito sábios para minha pequena capacidade de compreensão mirim.
Seria natural que num cenário desses eu me sentisse pressionado a tentar entrar em times, disputar quaisquer campeonatos que aparecessem na minha frente e fazer valer todo o "investimento" que ele colocou em mim. Mas nunca houve nada disso. "Jogar futebol nos ajuda a fazer muitos amigos" ele dizia (e ainda diz!). "É uma das melhores coisas que existe".
Com o passar do anos, ele e eu começamos a jogar juntos, tanto em quadras de prédios, quanto em turmas de futebol semanais. Perdemos e ganhamos. Várias e várias e várias vezes. Discutimos bastante, fizemos tabelas e gols.
Por muitos e muitos anos este foi um dos maiores privilégios que tive na vida e serei para sempre grato por essa paixão que posso levar comigo aonde vou.
Hoje eu uso este pequeno (mas grandioso!) ângulo do nosso relacionamento para homenagear seu amor, dedicação e sabedoria como pai. Digo que sinto saudades e que tenho muito orgulho das suas habilidades futebolísticas e paternas! Agradeço a Deus por sua vida e por todo o exemplo que sempre deu.
É verdade que o futebol nos ajuda a fazer amigos, mas muito mais do que isso, ele me permitiu desenvolver uma amizade, que não pode ser explicada nem medida, com você, meu pai. E isso é um troço que não dá pra entender muito bem.
Te amo, e que venham muitas partidas ainda, pq jogar futebol é muito bom, mas jogar com você é muito melhor!
Feliz dia dos pais!
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