O tema de hoje é o Vale Refeição. O tradicional VR, nosso conhecido. Aquele cartão tão presente no nosso dia a dia, que traz alegrias, mas, acima de tudo, muita tristeza. Brincadeira. Com um fundo de verdade. Brincadeira. Com um fundo de verdade. Inception.
O VR é um tema que pode ser discutido por horas. Apesar de parecer uma coisa trivial na vida de um homem, existem muitas questões que cercam este cartão misterioso. Dessa forma, posso garantir que não esgotarei o que há para ser falado sobre ele. O meu único objetivo, portanto, é que você aproveite o texto e nada mais.
O VR representa dinheiro. Mas ele não é dinheiro por completo. Porque ele só compra comida. E acho que as pessoas não estão preparadas para entender um dinheiro que só compra comida. É um conceito muito difícil para nós. Você pode até pensar: “não concordo. Sei lidar muito bem com ele”. E eu te digo: “ninguém te chamou aqui, cara.”. Apesar de, provavelmente, eu ter te chamado sim, pelo Facebook. A questão é que este dinheiro para comida é mais complicado do que parece.
Para começar, todo mundo tem uma alegria enorme quando ele chega. Alguns até dizem: “Finalmente! Já estava gastando o meu dinheiro”. E aí que a coisa começa a ficar bizarra. Tudo bem se você considera o VR uma maneira simples de controlar quanto tem gastado com comida. Ok. Mas não é isso o que acontece. O que acontece é que a pessoa fala: “Podemos ir naquele restaurante mais caro hoje, meu VR está cheio” sem perceber que esta frase é um completo suicídio em prestação. Pare pra pensar nisso. Se você ganha 15 reais de VR por dia, não importa se você vai gastar 30 reais no começo do mês, ou no final do mês. Esse dinheiro vai sair do seu bolso no final das contas. E ouso dizer ainda mais, prepare-se: esse VR é o seu bolso, seu infeliz. A menos que você se encaixe nas próximas quatro categorias:
1- Você leva a marmita guerreira diariamente.
2- Você não almoça. Se alimenta de bolachas achando que a vida é assim.
3- Sua empresa tem restaurante próprio e você acaba ganhando mais do que precisa. A comida custa 8 reais e você ganha 15.
4- Seu VR é alto, num nível extremo.
Essa quarta categoria é a que torna o mundo ainda mais injusto. Um amigo meu, enquanto estava trabalhando sei lá aonde, ganhava 40 reais por dia. 40 reais por dia! Que loucura. Dá pra imaginar como seria a sua vida se você ganhasse 40 reais de VR por dia? Eu seria a porcaria do sultão da avenida Paulista. Ia pedir sobremesa e cafezinho, mesmo nem curtindo muito o cafezinho. Pediria até aquelas bolachas amanteigadas que todo mundo come e elogia, mas no fundo sabe que isso tem na casa da vovó. Mas enfim, se sua situação não está contemplada acima é provável que seu Vale refeição também te faça refletir bastante.
Acontece que a gente trabalhar pra sobreviver, certo? Comprar comida, roupa e teto. Mas gastar com comida está parecendo, cada vez mais, um absurdo. Como ficamos então? E tem ainda um outro nível. Aquele que considera que o VR não é dinheiro para comida. É dinheiro para a comida do almoço. Ponto final. São os infelizes que durante a noite compram lanches, risoles e afins e pagam, obrigatoriamente, com o dinheiro não-VR, achando que faz qualquer diferença! Eu me esbaldo com isso. Tudo não passa de uma grande ilusão, entende? Uma grande brincadeira que fazemos para ficar feliz no começo do mês e sofrer no final, sem exceções.
Vale dizer que quando saí de um emprego, certa vez, recebi os 300 reais que costumava ganhar todo dia 26. A única diferença é que estava saindo no dia 28. Foi uma alegria só. Eu, que não tive culpa nenhuma nisso tudo, gastei o dinheiro irresponsavelmente, de boa fé, pagando almoço de amigos e comemorando o ciclo que se fechava. Depois de um mês recebo um e-mail da empresa: Você nos deve dinheiro. E a pergunta que ficou: Posso pagar em marmita?
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